A Propaganda

22/11/2014 00:00

 

As relações de vizinhança nos grandes centros urbanos são quase inexistentes. Eu mesma só tinha contato com uma técnica de enfermagem por ter tido uma queda de pressão com ela a meu lado. Quis o destino que ela morasse no mesmo andar e Ana socorreu naquele momento. Criou-se ali uma aproximação mas a conversa dela estava ficando cansativa. Só sabia falar de sua imensa alegria conjugal.

 

Aquilo mais parecia uma campanha de marketing. Ana vivia enaltecendo suas relações sexuais e esnobando as qualidades e a enormidade de seu marido. Acho que por estar sexualmente satisfeita em minha relação muito mais amorosa do que sexual e por ser bastante reservada e muito acanhada para falar sobre o tema, aquilo já estava me chateando e nos afastando.

 

Em um lindo domingo Ana estava eufórica e, pela primeira vez, me pediu ajuda. Aguardava a chegada de duas amigas de sua cidade natal e seu carro não “pegou”. As amigas estavam numa escola próxima fazendo prova para um concurso público. Como meu marido trabalha aos domingos não tive desculpas e aceitei, a contragosto mas om um sorriso no rosto, aquele encargo.

 

As meninas eram simpáticas e já no carro rimos muito das “propagandas” que Ana fazia de seu marido. Eram descrições pitorescas, repletas de trejeitos, gestos estapafúrdios, tudo para explicar o tamanho e a performance do maridão.

 

Fui sequestrada para o apartamento de Ana e Mario nos recebeu com caipirinhas deliciosas regadas a cerveja. O clima ficou festivo, ou melhor, eufórico. Eu, como sempre acanhada, fiquei ali sentada enquanto os quatro dançavam, brincavam e fofocavam. Até que alguém duvidou do tamanho propagado que Ana tanto divulgava que Mario possuía. Em minutos estavam todas nós sentadas na sala e Mario revelava sua ferramenta. Não era desproporcional, era até bonitinha, mas em repouso já era do tamanho que meu marido alcançava em plena ereção.

 

As meninas não se acanharam, aplaudiram a peça e liberadas por Ana começaram só tocando e logo estavam beijando e chupando fazendo com que Mario apresentasse seu tamanho máximo. Eu, mais acanhada que nunca, estava impressionada e cada vez mais excitada com as cenas que iam se desenrolando na minha frente, tive que fugir.

 

Aleguei que meu marido estava chegando e menti dizendo que tinha que preparar a comida dele e me levantei. Mario resolveu abrir a porta e abandonou o grupo se antecipando a mim. No corredor em direção à porta ele pegou minha mão e sussurou em meu ouvido:

 

- Você também pode pegar.

 

Falou e guiou minha mão para sua ferramenta. Surpresa e sem tempo para reagir me vi agarrando aquilo tudo o que me deixou impressionada por dois motivos: minha reação que sem conseguir parar apertava e massageava aquela imensidão sentindo-me encharcada (já estava úmida antes da fuga) e pela desfaçatez de Mario.

 

Eu continuei a caminho da porta sem conseguir largar aquilo e quando já estava de saída ele me puxou, despediu-se com dois beijinhos na face e me roubou um beijo na boca que tentei por um segundo resistir, mas o orgasmo me atingiu inesperadamente – minha mente fantasiava tudo aquilo dentro de mim – e eu estremeci enquanto aquele beijo me arrebatava. Nunca gozei tão rápido em toda minha vida. Não foi “um orgasmo”! Foi um gozinho. Mas segui para meu apartamento relaxada, molinha e levemente trêmula.

 

Depois do episódio fiquei me justificando que fora efeito da bebida enquanto minha consciência me acusava e meu corpo traduzia as mensagens do meu subconsciente exigindo sexo, mas com o marido alheio que, conforme a propaganda, realizava prodígios. Fiquei entre o remorso e o desejo e sabia que era melhor nem comentar com meu marido, ele não entenderia. Fui para a cama e tive um sono agitado.

 

Imaginem meu susto quando meu marido, chegando na manhã seguinte de seu plantão, sai do banho e se joga na cama me abraçando enquanto me fala ao ouvido:

 

- Já pensou em experimentar nosso vizinho pirocudo?

 

Fiquei vermelha e tive que me superar – o ataque é a melhor defesa. Com a rudeza do termo chulo “pirocudo” dando voltas em minha cabeça reagi:

 

- Pensei que era sua esposa e você me trata como um cafetão falando com a sua puta. Quanto você cobraria do pirocudo para me arrombar, seu babaca?

 

- Calma! O que está havendo? É que a Ana faz tanta propaganda que fico curioso, você não?

 

- Você acha mesmo que o tamanho realmente importa? Acho até que essas coisas grandes devem mesmo é machucar.

 

- Finalmente! Você é tão humana quanto eu. Já pensou no assunto. Também, quem não pensaria com tanta divulgação. Por falar nisso parece que eles hoje estão fazendo uma festa. E você... Você nem foi convidada.

 

Desarmei, ri da atitude dele e resolvi minimizar.

 

- Fui sim!

 

Contei a ele o início da história parando antes da parte “clube das mulheres”. O assunto continuou, para minha tortura, a girar em torno do pirocudo e suas divulgadas performances. Meu marido imitava a Ana me fazendo rir. Ele contava histórias inventadas com vozes e trejeitos. Por dentro eu estava vivendo uma revolução de pensamentos e sensações.

 

Não consegui retribuir aos desejos que as carícias de meu marido revelavam. Fugi. Não poderia fazer amor com meu marido com outro homem na cabeça. Uma nova noite de sono certamente iria sanar toda essa confusão.

 

Fim de tarde desta mesma segunda-feira, chegava do trabalho para uma noite solitária – meu marido tinha plantão noturno das 19h às 7h da manhã e Ana, o carro ainda com defeito, me esperava para levar as amigas ao aeroporto. Ana seguia calada enquanto suas amigas confirmavam as propagandas. Depois de despachá-las Ana finalmente se abriu. Bebera demais e, alcoolizada, emprestara seu garanhão as amigas e estava arrependida, “puta da vida” e condenada a nem poder reclamar já que ela permitiu, estimulou e participou de tudo, se pelo menos tivesse sido apenas ela, sua vizinha e amiga que guardaria segredos... O pior, segundo ela, é que o marido deu conta das três.

 

Ela, aos poucos, voltava ao normal e logo estava contando com aquele seu jeitinho peculiar tudo que acontecera e, desta vez, eu visualizava cada ato e minhas mãos sentiam um vazio com a finura do volante. O “pirocão” do “pirocudo” me impressionara e as explanações estavam me deixando sedenta por sexo.

 

Deixei-a em seu apartamento e fui tomar um banho para aliviar minha tensão. Enquanto tirava a roupa decidi pegar pelo menos um “brinquedinho” para ajudar no alívio das tensões e assim que voltei ao banheiro a campainha tocou. Era a chata da Ana, só podia ser, decidi atendê-la nua para constrangê-la. Escancarei a porta com meu mais sínico sorriso.

 

Era o Mario que se sentiu convidado, entrou, me tomou nos braços, me ergueu em seu colo enquanto nos beijávamos. Não sei como ele conseguiu, mas senti aquela enormidade em crescimento entre minhas coxas e logo ele estava dentro de mim me fazendo gozar só com a preenchedora penetração. Eu tinha, mas não queria parar. Com minhas pernas abraçando a cintura dele ficou fácil para ele completar uma total penetração e lá estava eu gozando novamente.

 

Ele conseguiu deitar, sustentar meu corpo no alto e assim conseguiu alojar-se total e confortavelmente dentro de mim, sem qualquer desconforto só aquela imensa sensação de preenchimento, deliciosa sensação. Passou, então, a fustigar-me com sua enormidade, numa indescritível velocidade, arrancando gemidos, sorrisos e sucessivos gozos que provocavam devaneios mentais. Naqueles poucos minutos estava eu experimentando prazeres nunca desfrutados em toda minha vida sexual.

 

Não havíamos trocado palavras, só beijos e carícias, murmúrios, gemidos e sussurros de prazer. O cheiro do sexo se espalhava por toda minha sala, forte e excitante. Naquele momento não existiam marido, casamento, vizinha, nada existia além do delicioso e desnorteante embate que estavam me levando a um estado de excitação sem paralelos, eu gozava seguidamente e meu corpo ansiava, insatisfeito, por mais ainda. Parecia que havia em todo prazer que estava experimentando o prelúdio de algo maior, mais forte, mais pleno, exuberante.

 

E o exuberante aconteceu. O novo e inesperado orgasmo levou-me a um estado convulsivo com uma agonia e incontroláveis contrações por todo corpo. Eu era um só arrepio. Sentia meus lábios arrepiados, loucura! Meus seios estavam sem auréolas e os bicos doíam de tão intumescidos. Meu grelinho, duro e inchado, parecia que ia explodir. O tremor tomava conta de meu corpo como se eu estivesse experimentando câimbras por toda parte. Cada nova, e agora lenta, penetração fustigava ansiedade e mais reflexos corporais. Meu corpo parecia querer fugir daquele assédio pelos movimentos convulsivos que apresentava mas o meu eu esperava o clímax que se anunciava já com estrelas explodindo em minhas nebulosas visões. A respiração estava contida e eu experimentava a falta de ar de um afogado. Um grito incomensurável estava travado em minha garganta pela ausência de respiração. Eu era inteira sensações, sentia como em câmara lenta o atrito daquele divino membro forçando a mucosa de minha mais do que lubrificada vagina.

 

Assim, com a percepção altamente aguçada, senti o calor e a vibração da ejaculação de Mario e, para minha vergonha e aumentando meu prazer, eliminei gazes escandalosos e reticentes pois meu cuzinho piscava em contrações incontroláveis e em seguida, também intermitente e inexplicável, escaparam de mim jatos de urina e nem assim o gozo arrefecia.

 

Lento como se instalou o orgasmo foi aos poucos me abandonando levando consigo todas as minhas forças e mais uma vez me vi constrangida pois ele deixou seu membro escapar e eu me vi ejaculando inicialmente minha própria lubrificação e logo o esperma que se acumulara na vagina escorria para o corpo daquele inigualável macho que me beijava e agradecia suavizando todo meu transtorno e acanhamento com tão inexplicáveis episódios.

 

Esgotada, sem forças a não ser para sorrir para Mario, fui transportada até o banheiro, banhada e enxuta entre mil carícias enquanto recebia agradecimento, notícias e um pedido:

 

- Vim agradecer seu carinho e companheirismo com Ana. Ela me disse que estava arrependida da noite passada e que se estivesse sóbria só me dividiria com você. Ao chegar ficou radiante, recebeu um telegrama, foi contratada para um novo emprego onde vai dar plantões, como seu marido, aos domingos. Eu sou um homem fiel, mas infelizmente a Ana sozinha, com seus plantões, não consegue me satisfazer. Por isso resolvi casar novamente.

 

Mario se ajoelha aos meus pés, me estende numa linda caixa de veludo aberta, nela um deslumbrante solitário e eu estremeço enquanto ouço suas deliciosas palavras:

 

- Aceita ser minha esposa domingueira a partir de hoje?

 

Fiquei sem ação ou palavras e ele ansioso completa:

 

- Aceite e serei o mais feliz dos homens e teremos já neste domingo nossa lua de mel.

 

Como recusar? Quem no meu lugar recusaria? Um novo marido para fugir da rotina do casamento, só com a parte boa de um casamento e só aos domingos! Sendo um segundo marido seria traição ao meu primeiro marido, safada me convenci que não e aceitei a proposta.

 

Nos beijamos e ele, dizendo querer me deixar ansiosa pela Lua de Mel, entregou meu “brinquedinho” e me deixou na saudade já aflita pela chegada do domingo.

 

Só que não esperem que eu conte mais nada. Sou tradicionalmente acanhada e não gosto de falar de minhas relações conjugais – e a partir do próximo domingo minha relação com o Mario passará a ser conjugal.

 

 

Não esqueçam que a propaganda se mostrou muito perigosa a um relacionamento de marido e mulher. Eu não vou repetir os erros de Ana e vou convencê-la a parar de divulgar o marido dela (nosso marido, apesar dela não saber). Vocês imaginem as nossas peripécias neste domingo e divirtam-se.

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Borges C. (Toca de Lobo) 
O Contador de Contos

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